quarta-feira, 8 de maio de 2013

A Revolução Industrial e a Administração Moderna

No post Quando surgiu a Administração? vimos que os primórdios da Administração, a rudimentar, teve início no ano 3.000 a.C. Uma administração baseada no comércio, estoque, troca, compra e venda de bens, baseada na necessidade do mercado. Portanto, princípios que persistem até os dias de hoje. Desde o Século XXX a.C até meados do Século XVIII d.C não houve muitas mudanças significativas no processo produtivo, a produção artesanal perdurava, utilizando no máximo uma máquina mecânica, sem uso de qualquer tipo de combustível que não fosse a força humana.
Mas a história estava prestes a mudar, e a Administração ganharia um novo significado, deixando seu lado simplório e mercantilista. Tudo começa na I Revolução Industrial (também chamada de 1ª Fase da Revolução Industrial) com a introdução da tecnologia a vapor, motores movidos a carvão deram uma nova dinâmica ao processo produtivo. Eis que as oficinas artesanais começam a perder espaço para as indústrias e suas grandes máquinas pesadas e fumacentas. A I Revolução Industrial aconteceu no Século XVIII (1750 a 1790 - seu auge) enquanto que a II Revolução (também chamada de 2ª Parte) ocorreu na segunda parte do Século XIX (1850-1870 - seu auge).
Figura 01: Produção Artesanal - modelo praticado até o início da Revolução Industrial.
Fonte: Internet.

A I Revolução industrial foi um acontecimento de choque produtivo e social. Os artesãos começaram a perder mercado rapidamente para as indústrias. Enquanto que os artesãos detinham o conhecimento de todo o processo produtivo com o seu conhecimento generalista, as indústrias começaram as suas atividades introjetando um novo modelo profissional, buscando um conhecimento mais especializado, passando a não ter conhecimento de todo o processo. Os artesãos começam a perder a sua principal fonte de renda e por necessidade precisam sair da zona rural e buscar empregos nas fábricas, que se localizavam próximas às zonas urbanas. Os grandes centros sem o devido preparo para receber uma demanda tão grande do interior ganham um novo desenho social, com o aparecimento da periferia à margem da cidade. Isto acontece em todos os grandes centros e seus distritos industriais (Figura 03).

Figura 02: Centros Industriais em grande cidades
Fonte: Internet.

As máquinas trouxeram à tona uma produção nunca vista antes, um produção baseada na quantidade, uma produção em escala, onde quanto mais se produzia, melhor, mesmo que isto fosse sinônimo de estoque. Estoque este que até antes da Revolução Industrial praticamente não existia. Tudo era fabricado por demanda, baseado na necessidade. A partir dela tudo passa a ser fabricado em quantidade, portanto a oferta é maior do que a demanda. Isto faz com que os produtos baixem de preço e com que o processo de consumo também mude. As pessoas neste momento da revolução se sentem compelidas a consumir, além do mais porque o processo produtivo por máquina trás uma qualidade de produção maior do que a encontrada nas oficinas artesanais. Os produtos além de serem padronizados, são vistos como de maior qualidade e ainda tem o preço mais acessível do que aquele fabricado artesanalmente. Outro ponto a ser considerado é que a variedade de produtos similares também aumenta, então existem mais possibilidades de consumo. Veja a imagem abaixo e analise a relação entre a Quantidade Produzida e o preço praticado. Cada vez que a quantidade aumenta o preço do produto diminui, tornando possível um maior consumo deste.
Figura 03: Gráfico de Ganho de Escala Produtiva
Fonrte: Própria

Os artesãos que ganhavam mais com a sua oficina, agora precisam buscar emprego naquele lugar onde justamente seu trabalho foi tirado, na indústria. Com uma mão de obra um pouco mais qualificada do que o restante da população, não é difícil para eles encontrar trabalho, mas em compensação o retorno financeiro é bem menor, forçando os outros membros de sua família a trabalharem, sua esposa e filhos (Figura 04).

Figura 04: Homens, mulheres e crianças procuram emprego nas indústrias.
Fonte: Internet
Esta mudança social de trabalho, onde todos os membros da família passam a exercer alguma atividade profissional, faz com que a renda familiar aumente, o que gera também um aumento do consumo. Apesar de que neste momento o pai já não é mais o único provedor do sustento familiar, perdendo um pouco ou muito da sua importância como chefe de família.
A tabela comparativa abaixo mostra as principais diferenças entre as atividades Artesanais e Industriais:
Tabela 01: Aspectos Artesanais X Industriais
Fonte: Própria.

Os grandes avanços de fato ocorreram na I Revolução, a II foi uma Revolução de proporções, tudo ganhou uma proporção maior, com o advento das máquinas movidas à energia elétrica, que produziam ainda mais rápido do que as máquinas a vapor da 1ª fase. Então tudo é expandido, e a produção passa a ser em alta escala, o que podemos chamar de produção em massa, para diferenciar da produção da I Revolução. Este modelo de produção e consequente consumo surge justamente por causa da Revolução Industrial, e é a base da economia atual, do capitalismo e do consumo desenfreado que vemos hoje em dia em todo o planeta.
Esta produção eficiente que surge com a primeira fase da Revolução torna-se altamente eficiente depois da 2ª fase. A importância de se falar em Revolução Industrial antes de estudar as teorias da Administração é justamente pelo fato de que estas teorias e conceitos só acontecem justamente porque a indústria surge e necessita, pela sua grandiosidade, de um profissionalismo maior por parte de seus gestores e presidentes. Os gerentes passam a ter uma responsabilidade muito grande, não só de produzir, mas de dar retorno financeiros para os investidores industriais e donos do capital.
No próximo texto veremos então a ligação que houve entre a Revolução Industrial e as Primeiras Teorias da Administração e o surgimento da primeira Escola, a Escola Clássica da Administração.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Quando surgiu a Administração?

Quando surgiu a Administração? 
Existem duas formas de interpretarmos esta pergunta: a) quando surgiu a administração como ciência; b) quando se tem registro da primeira aplicação de um negócio. Como falaremos de eventos que ocorreram antes da 1ª Revolução Industrial, portanto deixaremos de lado, por enquanto, a Administração como Ciência, veremos este assunto em uma próxima postagem. Nesta postagem trataremos da segunda opção.

A administração da qual falaremos é bem arcaica e provém do comércio marítimo. A civilização Fenícia é a protagonista desta história. Os Fenícios surgiram a partir do ano 3.000 a.C, considerados um dos mais importantes povos da Antiguidade, as suas terras se localizavam onde hoje é a Síria (Figura 01)

Figura 01: Localização dos Fenícios, onde hoje é apenas a Síria. 
Ao lado esquerdo o mar Mediterrâneo.

Como podemos ver na Figura 01, a Fenícia se localizava no oriente médio, pode-se ver com facilidade nesta imagem que era uma terra rodeada de montanhas, extremamente rochosa e por isto a agricultura não era uma opção econômica, o que forçou os fenícios a buscarem alternativas de sobrevivência. Em sua cidade mais importante, Tiro, os fenícios protagonizaram o início da história da Administração. Sem outra alternativa para sobrevivência, o contato dos fenícios com o mundo era a partir do Mar Mediterrâneo, e era dali onde tiravam todo o sustento. 

Essa realidade forçou os fenícios a serem exímios navegadores e construtores de embarcações (Figura 02). Sem conhecimentos aprofundados de agricultura e pecuária os fenícios saíam com suas embarcações "mundo" afora, e iam buscar em outras civilizações os mantimentos necessários para a sua sobrevivência. Lá vendiam produtos que era fabricados por eles mesmos, tais como: tecidos, corantes para pintar tecidos (como a púrpura, por exemplo), vasos cerâmicos, armas, peças de metal, vidro transparente e colorido, jóias, perfumes, especiarias, entre outros. Seus artesãos eram hábeis imitadores e falsificadores de produtos de outras civilizações.

Figura 02: Embarcação fenícia, ano 3.000 a.C.

Com isto, ao final de cada ciclo de viagem os fenícios tinham embarcações repletas de iguarias e produtos de lugares como: as ilhas de Chipre, a Sicília, a Córsega e Sardenha, assim como o Oceano Atlântico, o Mar Báltico, o norte da Europa e percorrendo a costa da África.

Com os produtos comprados nas expedições, as feiras livres na Fenícia (Figura 03) eram extremamente ricas em iguarias e produtos de praticamente todo o mundo, tornando o comércio a principal atividade econômica dos fenícios. 

Figura 03: Feira livre na Fenícia, cidade de Tiro, 3.000 a.C.

No ano 3.000 a.C já existia, na cidade de Tiro e em outras da Fenícia, um comércio muito forte, os vendedores eram experientes e tinha muito conhecimento em troca de mercadorias. Graças a este conhecimento foi que a Fenícia se desenvolveu e cresceu, sendo considerada por muitos como o "berço da civilização".

A história da Administração se confunde com a história dos Fenícios, povo sábio na arte da venda, do mercantilismo e comercialização através de embarcações marítimas. Este tipo de comércio existiu até a época das Grande Navegações, e só após a descoberta do Novo Mundo é que a história começa a mudar mais uma vez. Assunto para a nossa próxima postagem, quando falaremos das Grandes Revoluções Industriais, e o que é isto tem a ver com Administração? Espere e verá!